Cada dia fico mais
impressionada com a capacidade de ignorância do ser humano. Coisas normais são
tratadas como absurdas enquanto coisas terríveis passam despercebidas.
Casamento gay em uma novela brasileira não pode, é pecado, é contra a família.
Agora sobre guerras, bombas e gente morrendo eles não se importam, não tem
opinião, não perdem o sono. Meu filho não pode ver duas pessoas do mesmo sexo
se beijando, não quero isso para vida dele. Agora, ele comprar jogos que
incentivam a violência e o roubo tudo bem. Não quero que meu filho seja
influenciado a “ser gay”, mas ser influenciado a ser preconceituoso não tem
problema. Em vez de focar tanto na vida dos outros, busque sua própria
felicidade. Se não gosta desligue, ignore, viva de acordo com seus princípios,
mas não faça a vida do outro mais difícil baseado em suas crenças ou ideais. As
pessoas são livres e tem o direito de viver da maneira que acharem melhor para
si. Não semeie o ódio, deseje amor. E reze pelo dia em que você será tão feliz
em sua vida que não vai precisar se incomodar com a dos outros.
sábado, 20 de junho de 2015
segunda-feira, 15 de junho de 2015
Porque tudo passa, mesmo para aqueles que insistem em acreditar que tudo fica.
À percepção da perda é
tão obscura e insensitiva quanto à percepção da vida. Vivemos como se fossemos eternos, tratamos
os outros de qualquer maneira porque temos dentro de nós, a certeza de que
amanhã teremos tempo para nos desculpar, agradecer, abraçar. É triste quando
esse tempo acaba, quando um ciclo é interrompido antes do tempo. É estranho
entrar em um lugar e não encontrar mais quem costumávamos ver. É como entrar em
uma sala em que os móveis foram trocados drasticamente de lugar. No primeiro
instante, temos aquela sensação de estranheza de perda de irrealidade. Nossa
primeira vontade é por os moveis no antigo lugar, reorganizar as coisas para
que assim, possamos viver como sempre. Mas a vida não é algo que possa ser
reorganizada. Como se reerguer depois de uma grande perda? Ninguém ensina isso
nas escolas. Queria poder escrever que a vida é justa e que os sonhos não
morrem. Queria poder escrever que o sorriso é sempre grande e os amigos
eternos, mas não posso e não vou. Eu aprendi isso hoje. Não há justiça na vida,
assim como não há justiça na morte. A morte por si só já é injusta. Uma das
primeiras coisas que escutamos quando perdemos alguém é que “a vida continua” é
uma frase triste e nos irritamos com ela, mas ela é real e é o que nos matem
vivos. Porque a gente grita, escreve, canta, estuda, chora, mas
continua vivendo e isso é o mais importante de tudo. A gente
continua vivendo. Porque tudo passa, mesmo para aqueles que insistem em
acreditar que tudo fica. Porque guardamos os bons momentos e os deixamos
escondidos para lembrar de vez em quando, porque espalhamos as boas histórias
os bons risos e as boas memórias. Porque mantemos vivos dentro de nós o som das
risadas que jamais envelhecerão. E no fim de tudo, é só isso que
importa. É nas memórias dos que cativamos que finalmente nos tornamos
eternos.
sábado, 13 de junho de 2015
"Perdoar faz bem."
Hoje,
li uma frase pichada em um dos muros da cidade, era uma frase bem simples que
dizia “Perdoar faz bem”. Fiquei muito
tempo refletindo sobre a palavra “perdoar” e sobre as pessoas e coisas das
quais não perdoamos ao longo da vida. Mas o que é perdoar afinal, e por que
isso é uma coisa tão difícil de ser feita? A maioria das coisas das quais
consideramos imperdoáveis vêm das pessoas que nos cercam. “Maria não agiu da
maneira como eu esperava que ela agisse” ou, “Maria não agiu da forma como eu
agiria logo, tenho todo o direito de me frustrar com Maria”. Sim, você tem todo
o direito de se frustrar e de se magoar, mas será que você tem o direito de
culpa-la? Maria não agiu da forma como você esperava, nem da forma como você
considerava certa, mas se Maria não é você então, a frustração que você carrega
é culpa é dela ou é sua? Vivemos esperando por coisas o tempo todo, esperamos
por palavras, atitudes, sentimentos. Esperamos gratidão de nossa família,
nossos amigos e até mesmo de estranhos na rua. Esperamos um obrigado, um
sorriso, um adeus. Vivemos esperando por reciprocidade, mas não deveríamos. Não pense que eu não considero essas coisas importantes,
porque considero, mas o que me dei conta depois de tanto tempo, é que não é
apenas porque espero uma determinada reação, que ela deva ou vá acontecer. É um
alivio quando se aprende esse tipo de coisa, é como e se pudéssemos retirar
esse peso enorme da “reciprocidade” de nossas costas, é quando você finalmente
entende que não é porque faz uma determinada coisa que os outros automaticamente
têm que fazer também. É nesse momento, que você aprende que a magoa é uma coisa
muito mais sua do que de outra pessoa. Porque magoa é uma coisa engraçada, ela nos faz imaginar as coisas de uma forma muito pior do que elas realmente foram
ou são. Eu sei que é duro admitir isso, mas é verdade, porque no fim das contas,
você depositou suas expectativa em alguém que não está aqui para suprir suas necessidades,
nem para agir da maneira que você agira. Considero muito válida a frase
que li afinal, perdoar faz realmente bem, porque às
vezes, não perdoar uma pessoa, te impede de seguir em frente com a vida. Considero
muito válida sim, mas acrescentaria uma pequena palavrinha de duas letras no
começo daquela frase tão simbólica que a tornaria muito melhor e muito mais significativa, porque no fim das contas é a magoa dentro de você que precisa ser curada. Se perdoar faz
bem.
Do not get frustrated
Deveriam explicar certas coisas para nossas crianças, coisas que fariam elas não se cobrarem tanto, não se frustrarem tanto. Coisas reais como o fato de que você provavelmente não vai ficar rico antes dos trinta, e talvez, nem depois disso. Que você pode não achar o amor da sua vida antes dos vinte e cinco, talvez ache depois dos quarenta. Que nem todo primeiro amor é eterno, a maioria não é, e você vai descobrir isso com o tempo. Que você pode não conseguir fazer uma faculdade e nem por isso, você vai ser um “ninguém na vida”, suas chances aumentam com uma faculdade é claro, mas elas ainda existem sem ela. Que talvez você não consiga sair de casa aos vinte, nem aos trinta. A, e mais uma coisa, que talvez você não tenha a vida imensamente feliz que está imaginando, quase ninguém tem. Mas tudo bem, viva de acordo com sua alma, vá com calma e não se sinta mal pelas frustrações que seus pais depositaram em você.
quinta-feira, 11 de junho de 2015
Amar é se reinventar
Sempre fui usuária assídua do termo “quem ama não muda”. Sempre concordei com a ideia de que para uma pessoa te amar você não precisaria mudar nada em si mesma. Afinal, quem ama, ama tudo, não é? Ama o pacote completo, até as coisas ruins, certo? Errado, infelizmente ou não, isso está muito errado. O amor te muda sim, ele ”te cresce”, “te amadurece” e talvez, te torne melhor. Amar é ser continuidade do outro, é saber do que abrir mão e do que manter perto. Amar é entender o gosto musical do parceiro, é assistir aqueles filmes dramáticos com um lencinho ao lado, porque você sabe que ela vai chorar. Amar é apresentar para os pais, os amigos, os vizinhos, apresentar até para a moça do mercadinho da esquina. Amar de verdade é compartilhar séries, livros, os fones de ouvido, o quarto, a vida. Amar de verdade é mudar sim, é se reinventar sem nunca perder a essência inicial. Amar é “brigar” por ciúmes, por falta de tempo. É brigar para fazer as pazes, para ter do que rir depois. Amar é descobrir coisas em você, que você nem sabia que existiam, é aprender sobre si mesmo, sobre o outro. Afinal, de quantas maneiras você pode amar alguém e ainda continuar sendo o mesmo?
Humanistas do dia a dia
Rodrigo era
um humanista proclamado. Gostava de cartazes, gritos, palestras e todo evento
que fosse convidado.
Rodrigo não sabia dizer o que “humanismo” realmente significava, mas não se importava, não era nenhum aluno de letras, era “humanas” e só isso bastava.
Rodrigo era um bom homem e se importava muito com as minorias, desde que essas minorias concordassem com sua opinião, é claro. Rodrigo era bom, mas não bobo. Quem discordasse dele só podia estar errado ou ser de outro povo.
Rodrigo pedia por igualdade enquanto enchia a boca para falar das outras pessoas, “desumanos alienados” ele proclamava. Rodrigo acreditava cegamente no respeito, mesmo que ele viesse na base da porrada.
Todos os dias, Rodrigo se cercava das mesmas pessoas, dos mesmos papos e dos mesmos ideais, sem nunca se preocupar em escutar o próximo. Julgava-os alienados, sem perceber que isso também era um tipo de alienação. Rodrigo não sabia nada sobre politica, mas era a favor de mudar a constituição.
Rodrigo nunca ajudou um sem teto, nem uma criança em um orfanato, Rodrigo era a favor das causas, mas não dos problemas de fato. Rodrigo era tão cego quanto os outros cegos que só enxergavam os que lhes era apresentado como certo. Se formou e segurou seu lindo diploma, mas diploma de que? Não sabia ao certo.
Rodrigo hoje trabalha em uma empresa de terno, gravata e sem nenhum ideal. Rodrigo briga com o colega de trabalho e com os vizinhos que não pensam igual.
Rodrigo ainda se orgulha das revoluções que fez, mesmo que sem causa aparente, conseguiu o que queria, foi visto por muita gente. Transformou-se no que queria de fato, gritou, xingou, reclamou, e pintou suas bandeiras tão amadas.
Rodrigo se tronou um ótimo “humanista” e um péssimo ser humano.
— Parabéns
Rodrigo.
A hipocrisia da vida
Somos hipócritas, todos nós, e isso inclui você. Sim, você. Você, que troca de calçada para não passar ao lado de um morador de rua, você, que reclama da fome mundial, mas nunca ofereceu um prato de comida ao seu vizinho. Você, que fura fila, que cola na prova, que sacaneia um colega. Você, que nem conhece, mas já não gosta. Você, que julga, que aponta, que fala, que inventa. Você, que reclama da falta de privacidade, mas se interessa em saber qual o salario do seu professor. Você, que repete ideologias sem saber de verdade o que elas significam. Você, que prega o respeito, mas não respeita o próximo. Sim você, eu, todos nós. Somos hipócritas e isso dói. Dói no ego, na falsa ideologia, no falso moralismo. Dói, incomoda o sapato, faz mudar o discurso. Dói porque é difícil parar e perceber que talvez, não sejamos muito melhores do que aquilo que tanto criticamos. Sábios aqueles que têm consciência da sua própria hipocrisia.