domingo, 28 de fevereiro de 2016

[...] Nada realmente dura com você e isso é triste. Você é mais vazia que um balão cheio de ar.


Você foi embora e eu não fiquei com nada além do eco de suas palavras vazias. Você foi embora sem explicação nenhuma, sem razão nenhuma, sem nos dar a chace de conversar. Você virou as costas e foi embora, juntou suas coisas e foi viver com seus novos amigos. Você é feita de momentos, nada realmente dura com você e isso é triste. Você é mais vazia que um balão cheio de ar. É até engraçado se pararmos para observar com atenção essa história toda, nosso roteiro foi escrito por um estagiário decadente que percebeu que não recebia o suficiente para aguentar a ressaca moral. Nós somos uma comédia deprimente, daquelas que prometem risos, mas decepcionam no final. Que final? Nós nem tivemos um final, você foi embora antes mesmo dos créditos começarem. Nós somos o fruto de um roteiro mal adaptado e sem propósito, engraçado e patético no começo, cruel no meio e sem nenhum final. Você sempre se importou em decorar suas falas e eu, bom, eu era uma atriz que não sabia que tinha recebido o papel principal. Você afogou todos em meio a suas mentiras e me fez dançar a coreografia ensaiada de uma banda sem som, você era uma peça de teatro pronta para acontecer. Você não precisava de mim, você precisava de uma platéia e você conseguiu. Você apresentou seu espetáculo, envolveu todos em seu drama ensaiado, recolheu as recompensas, se orgulhou das vaias e foi em busca de novos atores. Outros participarão de suas peças, dançarão a sua musica e tentarão compreender os seus motivos, mas eles também ficarão para trás com o tempo, junto com todos os seus roteiros mal escritos que nunca chegarão a imprimir na tela de um grande filme. Nem Shakespeare mergulharia nessa, você é apenas um drama forçado e sem valor.

sexta-feira, 5 de fevereiro de 2016

A vida pode ser um clichê, mas a morte, mesmo quando esperada, é sempre surpresa.

 A vida não permite ensaios, nem regravação de cenas. A vida não permite a você ter um roteiro, nem decorar suas falas. A vida não te conta o que vai acontecer daqui há dois anos ou dois minutos. A vida acontece agora e ela não espera por você ou por sua vontade de viver. A vida é o circo iluminado, a risada do palhaço, as palmas da platéia. A morte, bom, a morte é quando as palmas acalmam, o riso para e as luzes apagam. Você comprou seus presentes de Natal, mas não vai poder entregá-los, você marcou de cortar finalmente seu cabelo, mas não vai aparecer no salão. A vida pode ser um clichê, mas a morte, mesmo quando esperada, é sempre surpresa. Vão ter que mexer nas suas coisas, dobrar as suas roupas, por em dia suas contas. Vão guardar as suas lembranças e passar seus pertences para frente. Aquele dinheiro que você guardou todos esses anos, para aquela sua viagem inesquecível, nunca vai ser usado, pelo menos não por você. Você não teve a chance de esperar se formar para ser feliz, para ter dinheiro, para comprar aquela coisa que sempre quis. Você não teve tempo nem se despedir. Um acidente bobo em um trânsito no feriado e pronto, acabou. A vida não espera por ninguém para acontecer e a morte também não. A morte é aquele tio chato que ri de uma piada que não teve graça nenhuma. A vida dos outros irá continuar, mesmo que aos poucos, sem você. Apenas aqueles que eram extremamente próximos serão realmente afetados. Suas lembranças serão guardadas naquelas fotos e naqueles momentos em que você foi realmente feliz. Ninguém irá lembrar de você pelo dez que tirou naquela prova que passou três noites inteiras estudando e sim, por aquele sete verdadeiramente comemorado. Sua turma da faculdade vai entrar na sala e sentir a sua ausência, mas logo algum aluno esquecido sentará no seu lugar e os outros estarão ocupados demais estudando para próxima prova para notar. A morte é aquele livro que você não conseguiu terminar e vida, bom, a vida é como o vento que continua a soprar, mesmo que o moinho não exista mais.