sábado, 19 de setembro de 2015

Sua vontade de salvar alguém não pode ser maior do que a vontade dessa pessoa de ser salva.

Algumas vezes na vida você esbarra em algo que não pode lidar, alguém que não pode entender, alguma coisa que você não pode mudar. São nesses momentos de indecisão pura que, absortos em uma confusão mental, aprendemos a sutil beleza do desistir. Queria não ser eu, a pessoa a chegar a essa conclusão tão difícil de entender e aceitar, mas por mais que nos neguemos a enxergar determinadas coisas, um dia temos que encarar a triste realidade que nos cerca. Sua vontade de salvar alguém não pode ser maior do que a vontade dessa pessoa de ser salva. Pode ser que isso não faça nenhum sentido para você, pode ser que você me considere uma covarde sem coração algum, mas eu cheguei ao meu ponto limite, eu finalmente decidi o que vou fazer a partir daqui e isso inclui, infelizmente, não fazer coisa alguma. Porque é incrível como você pode se enterrar na tentativa falha de desenterrar alguém. Eu não posso mais lidar com isso, porque eu nunca sei o que fazer quando as coisas começam a doer e está doendo agora, está doendo há algum tempo. Não queria ter que escrever algo sobre isso, mas aqui, neste pequeno texto, está contida minha mais triste verdade. Eu estou desistindo de tentar inutilmente salvar você de si mesma. Porque persistir nisso é como tentar consertar uma rachadura na parede com um pedaço de fita. Você pode até esconder o buraco principal, mas ainda vão sobrar resíduos visíveis para lembrar que as cicatrizes ainda estão lá, acessíveis a qualquer momento. Pode ser que passe pela sua cabeça que eu esteja fazendo isso por beneficio próprio e talvez eu realmente esteja. Porque eu sempre quis sua felicidade, sua paz de espirito, mas dessa vez, vou preferir a minha.

domingo, 6 de setembro de 2015

Você tem que se derreter antes de deixar alguém te segurar.

Lembro-me de uma conversa estranha que tivemos naquele banco encardido da praça da quinta rua. Você, no auge da sua felicidade poética, pediu para que eu usasse uma metáfora para definir a mim mesma e eu, melancólica escritora que sou, prontamente respondi que era como uma pedra de gelo. Você soltou uma daquelas gargalhadas gostosas que só você tem e disse que eu era péssima com metáforas. Eu tentei me explicar, mas sempre fui melhor escrevendo do que falando. No fim, me embaralhei toda e você acabou achando graça da minha incapacidade de explicação. Você riu e eu chorei. Chorei, porque você não entendia a imensidão do frio que existia dentro de mim. Chorei, porque eu sempre magoo tudo e tudo sempre me magoa. Chorei, porque tenho uma auto aversão interna que me faz afastar todos que se aproximam. Chorei, porque você achava que eu estava exagerando, mas eu não estava. Eu não estou. Mas então você percebeu, naquela tarde ensolarada de quinta feira, eu te esperei na mesma praça de sempre, mas você não apareceu. Depois de algumas horas, você me ligou chorando, repetindo freneticamente que não dava para segurar uma pedra de gelo com as mãos nuas. Eu ri, porque você finalmente tinha entendido a metáfora, depois eu chorei também.  “Não da para segurar uma pedra gelo com as mãos nuas” você repetiu baixinho uma ultima vez antes de desligar. Não dá mesmo, respondi para as paredes descascadas da minha sala. Você tem que se derreter antes de deixar alguém te segurar.