segunda-feira, 31 de julho de 2017

Ele não bate em você...




Ele não bate em você, ele só xinga suas amigas. Ele não bate em você, ele só te afasta da sua família. Ele não bate em você, ele só escolhe suas roupas. Ele não bate em você, ele só controla seus horários. Ele não bate em você, ele só sente ciúmes de tudo. Ele não bate em você, ele só decide onde você vai. Ele não bate em você, ele só te afastou dos maus amigos. Ele não bate em você, ele só mostra como você não é boa o suficiente. Ele não bate em você, ele só diz coisas ofensivas sobre seu corpo para te ajudar. Ele não bate em você. Ele disse que vai mudar. Ele não bate em você, foi só daquela vez, não foi? Ele não bate em você, ele estava bêbado. Ele não bate em você; você é que provoca. Ele não bate em você, ele só aperta seu braço com força de vez em quando. Ele não bate em você, ele só diz que faz tudo isso porque te ama. Ele não bate em você, mas às vezes parece que ele vai. Ele não bate em você, ele só te acha louca. Ele não bate em você, não é isso que importa? Ele não bate em você... mas isso não significa que ele não te machuque.

segunda-feira, 24 de julho de 2017

Querido amigo...




Querido amigo, eu não me importo com sua idade, com quantas graduações você tenha, em que local você trabalha, mas sim se você é capaz de olhar feito bobo quando se apaixona. Seja por seus amigos, por um amante, pela vida. Não me importo se você tem um carro do ano, um celular maneiro, uma balada todo fim de semana, mas sim se você consegue parar, conversar e prestar uma real atenção ao que seus amigos dizem.


Não me importo com quantas línguas diferentes você saiba, mas sim se conseguimos nos entender mesmo que nenhuma palavra seja dita. Não me importo com suas roupas da moda, mas sim se você respeita a pessoa que tira as dela para você. Não me importo se você tem um posicionamento político diferente do meu, mas sim se você é capaz de me ouvir, assim como eu sou capaz de te ouvir, sem querer entrar em uma disputa de quem está menos errado.


Eu não me importo com o que você pensa ser o melhor para sua vida, desde que você não queira impor seu modo de vida na vida de outras pessoas. Eu não estou aqui para mostrar como sou mais evoluída ou mais inteligente que você, mas sim para escutar, conversar e entender. Não me importo com a quantidade de conteúdo que você tenha decorado na ponta da língua, mas sim no que podemos aprender na mistura de nossos conhecimentos, de nossos encontros.


Não me importo que você tenha a solução mágica para todos os problemas do mundo, mas sim se você consegue ouvir uma dor sem querer consertá-la. Se você consegue entender que algumas dores existem sem a necessidade de um conserto. Me importo em saber se você consegue ouvir, amar, respeitar a existência de outra pessoa, mesmo que não entenda, assim como eu respeito a sua. Não me importo com o que você tem, mas sim com quem você é por dentro, porque quem eu sou por dentro é tudo o que tenho, com todo o meu coração, para te oferecer.

terça-feira, 11 de julho de 2017

Porque “a gente” ficou… para que nós pudéssemos ir.


Nós tivemos nossos encontros, mansos, rasos, profundos, intensos, vivos, tristes, lindos. Nós nos amamos, mas do nosso jeito, imperfeito, estreito, intenso, mas calmo quando precisou. Nos machucamos feio, feito acidente de rua, daqueles que acontecem de madrugada e só a gente sabe que aconteceu. Mas nos curamos também, feito beijo que sara joelho ralado de criança. A gente foi criança, criança tentado ser adulto, achando que ser adulto é legal, mas não é. Até ser. A gente se chocou, grudou, beijou,  mas também se afastou, chorou, abraçou, puxou, empurrou, correu. A gente se interrompeu, porque precisava se interromper, porque precisava ver como um seria sem o outro, porque a gente precisava sobreviver,  e a gente sobreviveu. A gente sempre sobrevive. A gente se perdeu e se encontrou, só para então se perder de novo, para perceber que se perder tambem é bom. A gente saiu e voltou, foi e ficou. A gente mudou. A gente se pertenceu e se deixou. Só para um dia perceber, que a gente tinha deixado de ser a gente, para poder virar gente com outro alguém. A gente se abandonou, mesmo não querendo abandonar, a gente se deixou, porque tinha que deixar. A gente saiu, para então se reencontrar. Se reencontrar e sorrir,  sorrir mesmo sabendo que não era mais “a gente”. Porque “a gente” ficou… para que nós pudéssemos  ir.