quinta-feira, 7 de abril de 2016

Crescer é dar adeus as coisas e ficar adulto é perceber que isso, se despedir, é algo inevitável.

Ser adulto é entender que aquela parte triste da sua “crise de adolescência” ficou para trás, mas descobrir, por consequência, que a tristeza tem uma maneira bem singular de sempre manter-se com a gente. Crescer é dar adeus as coisas e ficar adulto é perceber que isso, se despedir, é algo inevitável. Às vezes perdemos coisas que nem se deram ao trabalho de uma despedida. Ser adulto é entender que a faculdade não garante coisa alguma, até o conhecimento que ela proporciona depende de você. Ser adulto é ter que ir ao mercado sozinho, ter que ir ao shopping sozinho, ir ao médico sozinho, ter que encarar longos dias sozinho e perceber, no meio disso tudo, que ficar sozinho não é a pior coisa que pode acontecer com você, às vezes, ficar sozinho é libertador. Crescer é entender que sua mãe podia não ser tão feliz quanto você achava, é saber que ela chorou escondida por causa de suas brigas, é saber que ela morreu por dentro quando não deu aquele presente tão esperado no seu aniversário. Ser adulto é entender que ela nem sempre podia entender você. Ficar adulto é compreender como as pessoas vivem mesmo sem dinheiro, como a gente reclama de barriga cheia, como a gente deveria ter aprendido melhor o que é perdão. Crescer é finalmente perceber que o que fazemos para os outros, nossas ações tanto boas quanto ruins, refletem mais do que somos do que nós mesmos poderíamos refletir. Crescer é enxergar o mundo com uma lente menos embaçada e colorida. Ser adulto é encontrar-se no lugar de vários outros adultos que criticamos algum dia. Crescer leva anos, ficar adulto a gente fica de repente, no meio de um dia, de uma tarde, de uma conversa, seja ela profunda ou totalmente “boba”, seja ela com seus amigos ou com estranhos na rua. Crescer é acumular batalhas, ficar adulto é perceber em quais dessas batalhas vale a pena se lutar. Crescer deixa cicatrizes e ser adulto, bom, ser adulto é arranhar essas cicatrizes, vez ou outra, e perceber que elas ainda doem.