quinta-feira, 11 de junho de 2015

Humanistas do dia a dia

Rodrigo era um humanista proclamado. Gostava de cartazes, gritos, palestras e todo evento que fosse convidado.

Rodrigo não sabia dizer o que “humanismo” realmente significava, mas não se importava, não era nenhum aluno de letras, era “humanas” e só isso bastava.

Rodrigo era um bom homem e se importava muito com as minorias, desde que essas minorias concordassem com sua opinião, é claro. Rodrigo era bom, mas não bobo. Quem discordasse dele só podia estar errado ou ser de outro povo.

Rodrigo pedia por igualdade enquanto enchia a boca para falar das outras pessoas, “desumanos alienados” ele proclamava. Rodrigo acreditava cegamente no respeito, mesmo que ele viesse na base da porrada.

Todos os dias, Rodrigo se cercava das mesmas pessoas, dos mesmos papos e dos mesmos ideais, sem nunca se preocupar em escutar o próximo. Julgava-os alienados, sem perceber que isso também era um tipo de alienação. Rodrigo não sabia nada sobre politica, mas era a favor de mudar a constituição.

Rodrigo nunca ajudou um sem teto, nem uma criança em um orfanato, Rodrigo era a favor das causas, mas não dos problemas de fato. Rodrigo era tão cego quanto os outros cegos que só enxergavam os que lhes era apresentado como certo. Se formou e segurou seu lindo diploma, mas diploma de que? Não sabia ao certo.

Rodrigo hoje trabalha em uma empresa de terno, gravata e sem nenhum ideal. Rodrigo briga com o colega de trabalho e com os vizinhos que não pensam igual.

Rodrigo ainda se orgulha das revoluções que fez, mesmo que sem causa aparente, conseguiu o que queria, foi visto por muita gente. Transformou-se no que queria de fato, gritou, xingou, reclamou, e pintou suas bandeiras tão amadas.


Rodrigo se tronou um ótimo “humanista” e um péssimo ser humano.

— Parabéns Rodrigo. 

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