terça-feira, 11 de julho de 2017

Porque “a gente” ficou… para que nós pudéssemos ir.


Nós tivemos nossos encontros, mansos, rasos, profundos, intensos, vivos, tristes, lindos. Nós nos amamos, mas do nosso jeito, imperfeito, estreito, intenso, mas calmo quando precisou. Nos machucamos feio, feito acidente de rua, daqueles que acontecem de madrugada e só a gente sabe que aconteceu. Mas nos curamos também, feito beijo que sara joelho ralado de criança. A gente foi criança, criança tentado ser adulto, achando que ser adulto é legal, mas não é. Até ser. A gente se chocou, grudou, beijou,  mas também se afastou, chorou, abraçou, puxou, empurrou, correu. A gente se interrompeu, porque precisava se interromper, porque precisava ver como um seria sem o outro, porque a gente precisava sobreviver,  e a gente sobreviveu. A gente sempre sobrevive. A gente se perdeu e se encontrou, só para então se perder de novo, para perceber que se perder tambem é bom. A gente saiu e voltou, foi e ficou. A gente mudou. A gente se pertenceu e se deixou. Só para um dia perceber, que a gente tinha deixado de ser a gente, para poder virar gente com outro alguém. A gente se abandonou, mesmo não querendo abandonar, a gente se deixou, porque tinha que deixar. A gente saiu, para então se reencontrar. Se reencontrar e sorrir,  sorrir mesmo sabendo que não era mais “a gente”. Porque “a gente” ficou… para que nós pudéssemos  ir.

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