segunda-feira, 15 de junho de 2015

Porque tudo passa, mesmo para aqueles que insistem em acreditar que tudo fica.

À percepção da perda é tão obscura e insensitiva quanto à percepção da vida. Vivemos como se fossemos eternos, tratamos os outros de qualquer maneira porque temos dentro de nós, a certeza de que amanhã teremos tempo para nos desculpar, agradecer, abraçar. É triste quando esse tempo acaba, quando um ciclo é interrompido antes do tempo. É estranho entrar em um lugar e não encontrar mais quem costumávamos ver. É como entrar em uma sala em que os móveis foram trocados drasticamente de lugar. No primeiro instante, temos aquela sensação de estranheza de perda de irrealidade. Nossa primeira vontade é por os moveis no antigo lugar, reorganizar as coisas para que assim, possamos viver como sempre. Mas a vida não é algo que possa ser reorganizada. Como se reerguer depois de uma grande perda? Ninguém ensina isso nas escolas. Queria poder escrever que a vida é justa e que os sonhos não morrem. Queria poder escrever que o sorriso é sempre grande e os amigos eternos, mas não posso e não vou. Eu aprendi isso hoje. Não há justiça na vida, assim como não há justiça na morte. A morte por si só já é injusta. Uma das primeiras coisas que escutamos quando perdemos alguém é que “a vida continua” é uma frase triste e nos irritamos com ela, mas ela é real e é o que nos matem vivos. Porque a gente grita, escreve, canta, estuda, chora, mas continua vivendo e isso é o mais importante de tudo. A gente continua vivendo. Porque tudo passa, mesmo para aqueles que insistem em acreditar que tudo fica. Porque guardamos os bons momentos e os deixamos escondidos para lembrar de vez em quando, porque espalhamos as boas histórias os bons risos e as boas memórias. Porque mantemos vivos dentro de nós o som das risadas que jamais envelhecerão. E no fim de tudo, é só isso que importa. É nas memórias dos que cativamos que finalmente nos tornamos eternos.

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